Respira e conta até mil

Sou fácil de ser tirado do sério, mas me controlo. Não saio por aí gritando com quem consegue extrapolar minha paciência. Ainda não cheguei nesse ponto.

Certo dia, estava eu voltando para casa depois de um dia cansativo no trabalho e eis que tem um pedinte no coletivo. Não é o fato de ser pedinte que faz com que eu perca minha paciência, mas sim o fato de estar alcoolizado, com um odor enorme de cigarro e isso ainda não foi tudo. Permaneci em meu canto com o fone no ouvido e prestando atenção - meio que de relance - ao que ele estava falando. Na verdade, a música estava mais importante e apenas o observei. E o pedinte começou com seu trabalho árduo de tentar se manter em pé enquanto recolhia suas moedas. Algumas pessoa o ajudaram, outras não. Eu me incluo no grupo dos que não ajudaram.

Sua reação de agradecimento quando depositavam moedas em sua mão era notória. Mais notável ainda era sua expressão quando não doavam. Um olhar surgia em seu rosto como se estivesse questionando o motivo de não ter dado alguma moeda para ele. E ele ainda estava vindo em minha direção. Juro que pensei em dar algumas moedas que estavam em meu bolso, mas optei por não dar. Sua reação? Ficar um certo período do tempo me enfrentando com os olhos, ele demonstrava raiva por eu não ter lhe dado algumas moedas e daí saíram algumas palavras de sua boca: "não vai me dar moeda não, mauricinho? Claro que deve ter algo com você".

Sim, respirei fundo e contei até mil. Contei até mil em menos de 2 segundos e soltei: "Primeiro, meu nome não é Maurício. Segundo, não tenho nenhuma obrigação com o senhor. Terceiro, quer se afastar um pouco, pois tenho alergia a fumaça de cigarro!"

Uma senhora ao meu lado, que estava com medo do sujeito, me agradeceu por afastá-lo de onde estávamos e logo em seguida o senhor desceu. Sinto muito, mas sustentar vício dos outros que não vou. Não consigo nem sustentar os meus direito.